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NO MOURÃO DA CERCA ANTIGA


O crânio de boi estava enganchado no mourão da antiga cerca.

Feio. Sujo. Ressequido.

Um chifre fraturado. Outro chifre a retorcer-se.

O viajante aproximou-se, curioso e cismarento, censuranto o mau gosto de quem colocara ali semelhante espantalho.

- Caveria de boi! Que coisa lúgubre! - monologou.

E adiantou-se com o propósito de atirá-lo a distância, quando despontou de uma das órbitas vazias a cabeça pequenina de um filhote de sabiá, assustadiço, pipilando, pipilando...

Admirado, o visitante inspecionou o outro lado da caixa de ossos e descobriu, ainda mais surpreso, que no recôncavo havia mimoso ninho, habitado por outros gárrulos filhotes.

Enternecido, recordou a orquestra dos sabiás que o despertavam no verãom e exclamou em voz alta:

- Ora, veja! Deus situou aqui o lar dos meus pequenos companheiros!

E, respeitando o estranho abrigo, seguiu caminho afora...

****

Ainda mesmo nos aspectos mais desconcertantes da Natureza, a vida revela sabedoria.

Em razão disso, aprendamos a dignificar o patrimônio terrestre, enaltecendo em sentimentos e ideais, atos e palavras, o lado melhor de todas as coisas e de todos os seres, sem abatimento e sem pessimismo, pois a Glória Divina, em toda parte, deita raízes na Infinita Beleza e levanta-se, magnífica, nos pedestais do Infinito Amor.

Livro: Bem-aventurados os simples

Médium: Waldo Vieira,

Pelo espírito Valérium

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